Por que promover a inclusão bancária para mulheres?
Das 45 milhões de pessoas desbancarizadas, 6 a cada 10 são mulheres. Essa diferença indica que 59% das pessoas que não têm nenhum relacionamento bancário são do sexo feminino e apenas 41% do masculino.
Mas ainda que desbancarizadas, as mulheres ajudam a movimentar a economia do país e, por inúmeras vezes, são as principais responsáveis pela parte financeira das suas casas.
Vale lembrar que a maior parte da população brasileira é formada por mulheres — 51,8% contra 48,2% de homens, segundo a PNAD Contínua, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua.
Considerando todos esses pontos, qual caminho trilhar para colaborar com a inclusão financeira feminina? Empresas com projetos para inclusão financeira podem ser a resposta.
Sobre esse tema, Mara Luquet conversou com Fernanda Ribeiro, da Conta Black, e com Aline Fróes, da Vai na Web e da 1STi, no segundo episódio da Edição Especial Mulheres do Papo na Nuvem.
Confira, agora, alguns dos pontos que mais se destacaram nessa conversa!
Qual a necessidade da inclusão bancária para mulheres?
Um dos principais motivos pelo qual a inclusão bancária para mulheres é tão necessária, é que essa parcela da população brasileira é a maior parte do grupo dos desbancarizados.
Mesmo assim, essas mulheres têm um papel fundamental nas finanças das famílias, muitas, inclusive, sendo as únicas mantenedoras financeiramente dos seus lares.
Mas então por que ainda é tão difícil para elas terem acesso a produtos e serviços financeiros?
A explicação da Fernanda Ribeiro, uma das fundadoras da Conta Black, sobre a proposta da empresa, dá um bom direcionamento.
“A Conta Black é um hub de serviços financeiros alocado em uma conta digital. Promovemos a bancarização com a oferta de possibilidades de acesso.
Muito do nosso público são pessoas que nunca tiveram conta bancária, ou por estarem em regiões afastadas dos grandes bancos físicos, ou por motivos sociais que a gente já conhece.
Aqui, estou falando daquela barreira invisível de quando esse público entra em uma agência bancária para solicitar uma conta e acabam passando por situações de preconceito e de discriminação.
Tem também as pessoas que já são vistas de forma marginalizadas e entendem que ter uma conta no banco não é algo para elas.
Assim, por meio de uma ferramenta digital (um aplicativo), conseguimos chegar a todos os estados do país levando soluções financeiras e possibilitando que essas pessoas pudessem ser incluídas, trazendo um pouquinho de dignidade para a vida de cada uma delas”.
Não deixe de ler: “Bancarização: o processo que muda vidas e negócios!”
O que a inclusão financeira feminina impacta?
No caso específico do público feminino, Fernanda destaca quanto a inclusão bancária para mulheres modifica suas vidas para melhor:
“Um dos impactos é no que diz respeito à independência, visto que boa parte das pessoas que estão dentro do contexto que acabei de citar são mulheres. Isso tem muito a ver com o contexto social delas.
Várias vivem em situações de dependência financeira dos seus maridos. Muitas até trabalham, têm a sua renda, mas as transações financeiras acontecem dentro da conta do parceiro.
Possibilitarmos acesso a ferramentas financeiras tira essas mulheres dessa dependência. Sabemos, inclusive, que muitas passam por violência doméstica e, quando ela tem a sua própria conta bancária, consegue programar a saída dessa situação de risco”.
Mas promover independência não é o único motivo que justifica a necessidade de inclusão bancária para mulheres.
A cofundadora da Conta Black também destaca que essa oferta é importante tanto para mulheres quanto para homens que fazem parte do grupo de pequenos empreendedores no Brasil.
O acesso a soluções bancárias, em especial às direcionadas pontualmente para as necessidades de cada nicho, ajuda esses negócios a expandirem, movimentando a economia local e contribuindo para a geração de empregos e de renda.
Além disso, é importante destacar que as mulheres representam 48,7% do mercado empreendedor brasileiro.
Como tornar a inclusão bancária para mulheres uma realidade?
Aline Fróes, cofundadora e diretora executiva do Vai na Web, destaca a importância da tecnologia no processo de inclusão bancária para mulheres e para a população de modo geral.
“A Vai na Web é uma escola de programação digital avançada, voltada principalmente para o público classe C, D e E. O nosso propósito é democratizar o acesso a tecnologias digitais avançadas e esse projeto tem tudo a ver com serviços financeiros e com as mulheres.
Quando você começa a entregar educação de qualidade para as pessoas, e quando começa a inseri-las na tecnologia, naturalmente está contribuindo para que saiam de uma situação de dependência financeira e comecem a ter mais autonomia e empoderamento em suas próprias relações com dinheiro, com o trabalho etc.
A partir do momento que as ajudamos a gerar mais renda, a ter empregos dignos, consequentemente essas pessoas buscam outras formas de se relacionar com as suas finanças, com a sua família, e com o seu futuro”.
Essa proposta ajuda a reforçar outro ponto sobre a inclusão bancária para mulheres, o fato de que a educação, incluindo a financeira, é um dos melhores caminhos para reduzir as lacunas deixadas pela diferença de gêneros.
Dica de leitura: “Serviços financeiros para mulheres, de forma direcionada, são realmente necessários?”
Quais barreiras ainda precisam ser quebradas para a inclusão feminina financeira?
Fernanda lembra que, desde pequenas, as meninas são preparadas para chefiar um lar, o que já não acontece com os meninos:
“Compreendo que ao longo dos anos esse cenário tenha mudado, mas isso tem acontecido porque as mulheres estão vendo outras mulheres inseridas em novos locais e ecossistemas, e também porque essas discussões acontecem cada vez mais e com mais força
Quando olho para o meio onde estou inserida, que é o financeiro e o empreendedorismo, que tem muita relação com a economia, vejo cada vez mais mulheres ingressando, participando e ativas”.
Somado a isso, Aline destaca que o machismo histórico faz parte do nosso país:
“Na verdade estamos em um momento de desconstrução e de reconstrução da autonomia feminina […] Quando fortalecemos empreendimentos femininos, por exemplo, não estamos apenas fortalecendo aquela mulher, mas sim uma família inteira e toda uma geração que vem depois”.
Para a promoção, de fato, da inclusão bancária para as mulheres, é preciso pensar em tecnologia e nos problemas dessas pessoas de maneira mais profunda e ampla, a fim de realmente entregar a elas soluções que vão mudar (para melhor) as suas vidas.
Quer saber mais como promover a inclusão financeira feminina e de outros grupos? Então ouça o episódio na íntegra!
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