O Pix está finalmente presente na realidade brasileira — desde o dia 16 de novembro o sistema foi liberado para todos.
Aos poucos, as pessoas vão se familiarizando com o modelo e novos modos de uso vão surgindo. Com isso, surgem algumas expectativas sobre o impacto do Pix e como essa solução pode modificar a realidade de meios de pagamento no Brasil.
Neste episódio do Papo na Nuvem, Gustavo Brigatto conversa com Cássio Damasceno (Zoop) e João Bragança (Roland Berger) e discutem sobre quais são as expectativas, o impacto do Pix os novos modos de uso do sistema.
Eles comentam sobre os possíveis rumos das empresas de meios de pagamentos e bandeiras e as questões de preço para os varejistas e adquirentes, assim como os seus impactos.
Também se perguntam: “O aumento do uso pode gerar uma guerra do preço do Pix?” e explicam como isso afeta a cadeia de pagamentos e como vai estimular inovações transformadoras.
Além disso, utilizam os exemplos da Índia para pensar em futuros possíveis para o Brasil.
A cadeia de valor do pagamento
O Pix apresenta uma mudança da cadeia do valor do pagamento. Antes, ao fazer esse tipo de transação financeira, você tinha um conjunto de participantes, desde o emissor da bandeira, ao custeador, ao adquirente e o emissor do cartão.
Cada etapa desse processo envolvia uma taxa. Agora, há um único operador, que não tem necessariamente o objetivo de gerar lucros e cobrar comissões, o papel é apenas quebrar o break even.
Com isso, você muda o paradigma da cadeia de valor em duas vias.
Por um lado, as transações com cartão, TED, DOC e boleto são transferidos para um novo modelo de pagamento sem objetivo de lucro.
Por outro, a cadeia de valor envolve receitas advindos de taxas (incluindo a MBR) e, com a mudança, os preços serão modificados.
A Roland Berger chegou a três cenários de impacto do Pix em que, basicamente, os efeitos de preço e volume vão sendo, de alguma forma, mais potentes até um cenário mais disruptivo. Sobre isso, João chama a atenção:
“Se você me perguntar se nós acreditamos que o cenário mais disruptivo vai acontecer já no próximo ano: não. Nós temos os cenários mais conservadores e, eu diria, que esses são aqueles que efetivamente são mais prováveis”.
O impacto do Pix
Uma pesquisa realizada pela própria Roland Berger, inclusive, mostrou que o impacto do Pix pode resultar em uma perda de até R$ 13 bilhões dos players.
Além disso, o estudo constatou que, ainda que nos últimos anos diversos novos players tenham emergido, no que diz respeito à adquirência, especificamente, muitas transformações estão latentes e tendem a acelerar disrupções.
Em complemento, podemos citar a pesquisa exclusiva da Zoop sobre os impactos do Pix, a qual constatou expectativas bem interessantes dos players, tais como:
- 12,6% dos entrevistados acreditam que o novo sistema será importante apenas nos pontos de venda presenciais;
- 23,3% acreditam que seu impacto será maior nas transações de pagamento realizadas virtualmente;
- muitos consideram que a modalidade débito será a mais impactada, especialmente porque QR Code substituirá essa função;
- o boleto se tornará um meio de pagamento obsoleto;
- somente 36,3% acreditam que o Pix vai impactar positivamente a parcela de desbancarizados.
Do que depende esse cenário mais disruptivo?
O cenário mais disruptivo, no qual as potências do Pix trarão forte impacto depende, primeiramente, da adesão das pessoas.
Além disso, um grande impulso para como as coisas vão caminhar é determinado pelas “forças do mercado”, ou seja, como essas relações vão se estabelecer.
Por exemplo, se as pessoas que fazem os pagamentos tiverem o interesse em realizar as transações instantâneas em pontos de venda (como com QR code), isso fará com que essa cadeia de valor tenha mais peso.
Dessa forma, a pressão que ela terá sobre a estrutura do mercado atual vai ser maior.
Agora, se os comerciantes estiverem muito habituados aos antigos meios de pagamento (com cartão, por exemplo), pode ser que esse processo de inserção e a pressão do Pix na cadeia leve um pouco mais de tempo.
Esse futuro não é facilmente previsível, e tudo vai depender da adesão das pessoas e da maneira como o Pix vai ser inserido no ecossistema de pagamentos do país de forma mais ampla.
A esse respeito, Cássio se demonstra otimista por perceber as vantagens para diferentes indivíduos que participam dessas transações, incluindo os comerciantes:
“Quando as pessoas virem a capacidade delas poderem ter menores custos, e os consumidores também terem um ganho, creio que isso vai mudar bastante o mercado e afetar muito esses incumbentes”
A Índia serve como certo termômetro para o caso brasileiro, já que adotaram há 3 anos um sistema de pagamentos digitais instantâneos.
Ou seja, esse é só o começo da discussão. Será que um impacto do Pix será e o brasileiro aposentar a carteira e sair de casa apenas com o celular?
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